FALA... BRÍCIO!!!!!

Fabrício Araújo: 24 anos, graduando em Serviço Social pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIANGULO MINEIRO.


" ...TEM ALGUEM LEVANDO LUCRO, TEM ALGUEM COLHENDO FRUTO, SEM SABER O QUE É PLANTAR... TÁ FALTANDO CONSCIENCIA, TÁ SOBRANDO PACIÊNCIA, TÁ FALTANDO ALGUEM GRITAR. "

sábado, 31 de agosto de 2013

Mais ou outros médicos?


Temos visto na mídia e nas redes sociais todo o debate em torno da vinda dos médicos cubanos para o Brasil. A Associação brasileira de medicina rechaça o programa da presidente Dilma, assim como os conselhos de medicina. Há muitas coisas em disputa e debate neste caso específico, algumas questões estruturas, como a velada “guerra fria”, a guerra ideológica comunismo x capitalismo, o preconceito com os cubanos, o papel do Estado perante a saúde pública, a orientação ético e política da formação em medicina no Brasil, a falta de interesse de médicos brasileiros em atuarem em certos lugares, versus a omissão e a negligencia do Estado, pois bem, vamos a algumas considerações.
Primeiro que me nego a falar sobre tal questão, sem antes pensarmos a relação Estado e sociedade, para entendermos um pouco das angustias postas neste caso. Para tanto vou fazer uma discussão mais avançada para não ter que ir na origem da “coisa”, pois agora não é hora disso...
Veja, o Estado é a organização política, administrativa, econômica, cultural e ideológica das elites dominantes. Isto, pensando um Estado imerso na lógica capitalista como o Brasil. Logo, a vida neste Estado é uma experiência genuinamente mercadológica, as pessoas são formadas para consumir e consumir, inclusive os médicos. A formação em medicina nos países capitalistas, como toda e qualquer outra formação, se dá com orientação de mercado e não de cuidado humano. Está característica está na contradição, entre os interesses do Homem e do capital, inerente a todo Estado capitalista. É preciso que o povo brasileiro comece a entender a diferença entre Estado e governo. E este episódio do programa Mais Médico é uma boa oportunidade para este exercício.
O que o Estado brasileiro, ou seja, o gestor dos interesses dos grupos financeiros, quer para a medicina e a saúde no Brasil? Primeiro, uma formação mercadológica em medicina, segundo: a falência da saúde pública, e é simples entendermos por que. Se o SUS for de qualidade o mercado e a indústria da doença terão lucro? Claro que não... Como são os grandes empresários que elegem a imensa maioria dos parlamentares e dos governantes, então eles conseguem determinar como será a saúde pública: ruim, para que a saúde privada tenha força e acumule capital com a doença do povo trabalhador. Simples néh?
Pois bem, o governo difere-se do Estado. O Estado é a estrutura burocrática que determina a nação o governo é o conjunto de pessoas que se propõe a implementar políticas nesta nação. E apesar de serem coisas diversas, sempre andaram de mãos dadas, os governantes sempre foram de fato gestores dos interesses das elites financeiras, até que...
A presidente Dilma Roussef enquanto governante vive a experiência mais contraditória de um presidente do Brasil. Ela é comunista, crê numa sociedade onde a riqueza socialmente produzida é igualitariamente divida, o que se difere do ideal capitalista, que defende a concentração da riqueza numa elite dominante em detrimento da multidão trabalhadora que deve ter o mínimo para viver.
Nesta contradição, entre gestar os interesses do capital e dar um viés comunista ao seu governo a presidente Dilma investiu no programa Mais Médicos, e ela foi inteligente, seguiu um passo-a-passo estratégico. Abriu as vagas para médicos brasileiros, aquelas que os médicos daqui não quiseram, ela chamou médicos de fora pra assumirem essas vagas. Certo? Certíssimo.
Fico me perguntado, e se o governo brasileiro estivesse importando médicos americanos, europeus e japoneses, será que nossa mídia burguesa e nossos médicos iriam contra? Duvido muito.
Ai está claro o preconceito “anticubano”. O povo cubano tem outra visão de mundo, outra forma de ser e estar no mundo, a vida deles não gira em torno de acumular riqueza, pelo contrário, gira em torno de dividir a riqueza, e isso é uma ameaça ao sistema capitalista brasileiro. O problema não é o governo brasileiro preencher as vagas renegadas com médicos estrangeiros, o problema é que os cubanos podem imprimir nas comunidades onde eles atuarão uma idéia de vida anticapitalista, e isso é mau, para nossa elite.
A classe médica brasileira é uma das mais ortodoxas, conservadoras e reacionárias que temos. São extremamente capitalistas e não arredam o pé. Por isso toda esta oposição. O capitalismo confere aos médicos, no Brasil, não apenas o acumulo de riqueza material e de conhecimento, mas um status diferenciado, uma posição social de autoridade, um ar de superior, todas essas pompas fetichizadas do capital. Se nossa classe médica defende uma saúde pública de qualidade precisa começar a criticar o determinismo econômico na gestão da coisa pública em favor da “coisa privada”. Isto eles não fazem e não querem fazer.
Há, porém, um outro elemento nesta história toda que até poderia mudar meu posicionamento nesta questão, o fato de que grande parte dos salários dos médicos cubanos irá para manter o governo Castro, a ditadura travestida de comunista. Esta é uma questão extremamente delicada. Ao contrário do que pôde parecer até aqui, eu não sou a favor da ditadura “comunista”, não sou a favor de nenhuma ditadura e me revolta saber que o povo brasileiro agora irá ajudar a financiar a ditadura Castro em Cuba. Há um equivoco na esquerda mundial em continuar legitimando esses governos totalitários em nome do comunismo.

Em fim, apesar de todas as contradições, a presidente Dilma mostra extrema coragem, ao enfrentar o patriarcado brasileiro, ao encarar a classe médica e marcar posição firme na defesa de uma saúde socializada e humanista. O programa Mais Médicos quer na verdade dizer Outros Médicos, ou melhor Outra Medicina, outra lógica de saúde pública para o Brasil. Para isso o povo brasileiro precisa compreender o quanto o poder econômico determina as ações do Estado, dos governos e do parlamento em detrimento dos interesses e da vontade dos trabalhadores.

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FABRÍCIO ARAÚJO, ALUNO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIANGULO MINEIRO

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